Em geral observo o mundo.
O mundo lá fora, que me é impedido de sentir fisicamente.
Sinto o mundo apenas pelas palavras que descrevo
O mundo que vejo pela janela desta ou daquela sala.
Será tão triste não poder viver?
Ou será mais triste viver com medo?
Ainda sentado nesta cadeira,
Descrevo parte do mundo que participei há pouco
Gostaria de estar lá agora,
Sentindo todas as sensações antes ignoradas,
Antes não vividas.
Mas por que é sempre assim?
Só se dá valor quando se perde?
Só se venera postumamente os verdadeiros gênios?
Alguns são venerados em vida, em geral no seu fim,
Já definhando aos poucos, por causa do álcool, por causa da dor.
Da dor do coração nasceram grandes poemas, grandes tragédias;
Nascem todos os dias grandes epopéias
Querendo ser descritas
Estórias de bravura, histórias de amor...
Sempre elas, sempre eles...
A mesma traição, o mesmo perdão,
A mesma mentira,
O mesmo pesar e também
O mesmo adeus.
Esse será mais um deles, que não se encerrarão por aqui,
E nem por ali, simplesmente continuam.
É triste perceber a própria insignificância perante o mundo
Mais triste é ter um mundo aos pés sem poder senti-lo de verdade
Só em verdade sentimos o mundo,
Só em dor viveram meus poetas,
Em embriaguez meus ídolos,
Em tristeza minha morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário