terça-feira, 8 de setembro de 2009

Epopéia da Tragédia


Enfim retornei à vida comum: chuvas e trovões novamente me
espreitavam, de forma que me fizeram sentir vivo novamente. Ao
escrever tais palavras num papel, tentei exorcizar com elas o repúdio
que eu sentira por algumas pessoas dias atrás. Depois de tanto
tempo omisso, agora o poder alheio realmente me incomodava, pois
não havia seriedade logo alí onde eu aplicara meu precioso tempo
durante os 5 últimos anos.

Nada me parecia justo. Eu me sentia velhice enquanto todos eram
juventude, - puro recalque - ou ainda mais além: seriedade onde era
deboche.

Meu coração afoito clamou por justiça e simplesmente não houve
retorno. Ao meu ver as leis são falhas e regras são apenas mera
formalidade quando a figura da autoridade está banalizada,
simplesmente uma grande piada.
Minha mente gritava aos dias a falta de profetas e de decência na
atual sociedade do nosso tempo, enquanto a preocupação de outros
fosse apenas conquistar, envaidecer e massagear o próprio ego.
(Começo a pensar que a busca por respostas é desnecessária...)

Ainda sim, na manhã seguinte o céu está cinza como de costume e
há garôa na metrópole. Mais um início de semana chuvoso e quieto demais, quando me encontro pela manhã refletindo sobre as coisas que vem me ocorrendo. Há um pequeno refúgio entre esses intermináveis blocos de jornada de trabalho: uma flor estava sendo cultivada, eu a plantara há meses, próximo ao início daquele ano vigente.

" [...] Sobra tanta beleza que afoga as palavras,
Faz, por si só uma poesia inata
Esperando ser declamada por um bom locutor..."

Dava-me gosto vê-la crescer e desgosto de ver sua beleza
encantando e cegando à outros jardineiros, pois tinha certeza que um
dia ela iria embora.
- Duas coisas que eu não suportava mais eram o meu sofrimento
antecipado e a minha habilidade de me afastar ou me perder o
significado das melhores coisas que eu criara até então -

E passando-se o tempo, estações e calendário, a flor partira sem
despedir-se, despindo-me ... deixando seu companheiro nú, frente
ao sacrifício do seu próprio desalento.
Mas agora não era hora para lamentações, as coisas precisavam
continuar.

Juntei minhas coisas e também parti, agora busco outra ocupação
futura, para que meu pensamento não se torne pétalas novamente;
Tornando assim essa busca outra epopéia da tragédia.

Nenhum comentário: