Escrevo meu verso feito Preto-Velho
Que risca seu ponto com a pemba
Neste nosso fracionado universo.
Em meio a empreendedores e visionários
Dichavo vivências diversas,
E parafraseio em múltiplas conversas
Um silêncio que não tem significado
No dicionário próprio da sua linguagem.
Eu vivo à margem,
Pois nasci intermediário
E, ainda sim, carregando a responsabilidade
De conhecer os dois lados
De uma história que ninguém conhece a verdade.
Não obstante,
São pedras comuns que permeiam meu caminho.
E nem tudo que reluz é ouro,
Concordo...
Mas não ando sozinho.
Nada de brilhantismo.
Originalidade e goles de descontentamento
É o que me dá coragem de enfrentar
Um mundo com leis, posses e cimento,
Junto à dezenas de milhares
Tratados como selvagens no transporte coletivo
- sem sombra de dúvida, a preço abusivo.
Eu não canto, confesso.
Aprendi a tecer flores de linguagem,
Assim seduzi sem saber dançar
E sofri pela falta dessa minha malandragem.
Por falar em falta,
Já ouvi dizer que ginga não se aprende na escola
E que poesia não se aprende na Academia...
Eu que jogava bola e ria,
Passei a ler jornal, mesmo sem sair da rua
Acabei por descobrir que dizendo versos à lua
Construí minha poesia marginal.